terça-feira, 21 de outubro de 2014

Nós não vamos desistir do Brasil


Nota da FIP-PE sobre o chamado de João Campos a juventude

Na tarde de ontem, dia 21 de outubro, o jovem João Campos, filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, lançou em sua conta no facebook um vídeo onde chama a juventude que foi as ruas em 2013 a votar no atual candidato a presidência de sua familia, Aécio Neves. Reportagem http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2014/10/21/joao-campos-pede-aos-jovens-que-fizeram-protesto-em-2013-para-votar-em-aecio/
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João Campos é um jovem universitário de 20 anos, que tem tomado destaque nos monopólios de imprensa por ser filho de Eduardo Campos, fato que parece o qualificar, ao menos para seus partidários e marqueteiros, para aparecer em palanques, fazer discursos ensaiados, aparecer na propaganda eleitoral etc. O rapaz, que não nos parece ter nenhum conhecimento sobre os movimentos sociais de seu estado, nem nenhum comprometimento com as grandes lutas que foram protagonizadas em nosso país recentemente. Não tem qualquer experiência ou perfil de gestor público, mas se apresenta e é apresentado, sem nenhum constrangimento, pelos seus familiares e marqueteiros no PSB, como herdeiro político de Eduardo Campos.
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João Campos não esteve nas ruas em 2013! Se tivesse ido, alem de ser conhecido entre os jovens que hoje ele se dirige pra pedir votos, certamente se oporia frontalmente a política de terror e perseguição lançada por seu pai contra as manifestações populares ano passado. Para que seu discurso de “nova política” não fosse maculado pelas reivindicações dos jovens, Eduardo Campos não pensou duas vezes pra mandar a PM de Pernambuco exercer uma das repressões mais violentas do país, com direito a prisões arbitrárias, intimações, intimidações, processos políticos, proibição do movimento estudantil passar em sala, suspensão das aulas nos colégios públicos em dias de protestos,  seqüestros de ativistas e estudantes. Bombas, balas, chicotes e cacetetes foram usados pra silenciar o povo.
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Onde estava João Campos no dia 26 de junho quando estudantes e movimentos sociais se dirigiram ao centro de convenções, então sede provisória do governo do estado para entregar uma pauta de reivindicações que nem sequer foi recebida por seu pai? Onde ele estava quando a estudante Cris Patos da FAFIRE, o estudante Igor Calado da UFRPE e a estudante Lara da UFPE foram presos por participarem da manifestação? Onde estava João Campos em 18 de setembro, quando o estudante de história Bruno Torres da UFPE, mesmo universidade em que estuda, foi preso pela PM de seu pai e mandado pra o COTEL? Onde estava o nosso jovem político nas inúmeras vezes que a tropa de choque cercou a praça do Derby pra impedir que houvesse ato? Onde estava João quando ocupamos a câmara do Recife reivindicando o passe livre? Onde ele estava no fatídico 7 de setembro de 2013, num dos atos de maior selvageria e violência gratuita contra jovens desarmados desse ano. Porque João não denunciou a prisão de Edgar, arrastado por uma dezena de soldados na frente de todas as câmeras do país, ou da prisão de Rodrigo Cabeludo e Cristiano Vasconcelos, onde próprio  soldado que os deteve fez constar no Boletim de Ocorrência que os meninos não faziam nada de errado e que os prendeu por ordem direta do então secretário de segurança do estado que monitorava o desenrola da violência gratuita pelas câmeras da SDS e apontava quem deveria ser preso. Porque João não se indignou com as imagens de uma moça sendo agredida e chamada de vadia dentro do camburão da Rádio Patrulha? Onde estava João quando a ROCAM invadiu a reunião dos estudantes no DCE da católica? Onde ele estava quando os estudantes de sua universidade ocuparam a reitoria da UFPE pra impedir a privatização do hospital das clinicas? Onde esteve João na Copa? Onde estava João Campos no acontecimento político mais importante do nosso Estado esse ano: A ocupação do cais José Estelita? De que lado João esteve, no lado da cidade, ou das empreiteiras? Alias, num momento de perseguições políticas, de ativistas pedindo asilo a países vizinhos, quantos processos nosso líder da juventude tem por reivindicar um país melhor?
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João que pelo que dizem foi responsável por caguetar os colegas da universidade ao TRE por se organizarem pra fazer campanha para candidata adversária, não vê nenhum problema na militância fake, que recebe dinheiro pra segurar bandeiras e distribuir adesivos de seu candidato nas ruas do Recife! No primeiro turno o jovem Campos afirmou que Aécio era um retrocesso, agora ele afirma que ele é a mudança. Eis a “nova política” da família Campos que o jovem aprendiz de político reproduz.
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A “nova política” elaborada por marqueteiros pra salgar carne podre, agregada agora a campanha do antes “líder do retrocesso” consiste, portanto em que o jovem político tenha três habilidades e nenhuma virtude: Escolher o lado que vai ganhar; Ter a sensibilidade de mudar de lado ao perceber que escolheu o lado que vai perder; e nunca fazer um inimigo!
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Para nós, a forma como João Campos, sua família e de seu partido vem utilizando da morte do ex-governador pra barganhar espaços políticos e projetos pessoais é uma afronta ao povo pernambucano e a memória de seu próprio pai. A juventude está cansada dessa velha política institucional onde as oligarquias se perpetuam no poder por todo o sempre, onde os políticos profissionais por décadas sugam o dinheiro do povo representando no parlamento, apenas a si mesmos e suas famílias. As eleições, jogo de cartas marcadas, serve apenas pra se alternar as cadeiras que essas “vossas excelências” sentarão nos próximos 4 anos, situação ou oposição, todos serão acomodados, loteiam-se os cargos públicos entre os ‘aliados’ e os cargos  eletivos são passados de pai para filho, de geração em geração como se fossem hereditários. Joões Campos, Jarbas Junior e Silvos Costas filhos, são símbolos, o retrato espetacular, bufo e trágico da democracia das oligarquias em nosso país.


“Os jovens não votam porque recusam essa democracia oferecida a eles”

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