mãos,
filhos, pais. Estupros, abortos clandestinos, assédios morais, físicos e
psicológicos no trabalho, no ônibus, em casa, na rua. Há o que comemorarmos?
O Brasil ocupa a 7ª posição na listagem dos
países com maior número de homicídios femininos*. Segundo dados do IPEA
(2013)*, ao avaliar o impacto da Lei Maria da Penha sobre a mortalidade de
mulheres por agressões, por meio de estudo de séries temporais, constatou-se
que não houve redução das taxas anuais de mortalidade.
A criminalização do aborto no Brasil, além de
deixar latentes as rachaduras na nossa laicidade, mata a cada dois dias uma
mulher pobre, vítimas de abortos mal sucedidos, da completa, covarde e
inadmissível omissão do Estado brasileiro, e da grave violação dos direitos da
mulher.
Ainda recebemos menos no mercado de trabalho
executando as mesmas funções (Segundo pesquisas, as mulheres têm em média mais
anos de estudo que os homens). Ainda fazemos dupla jornada. Ainda somos
condenadas a papel de mãe/esposa/dona de casa. Ainda culpam a nós e nossas
roupas em vez de culpar o estuprador. Ainda acham que somos alvos fáceis quando
bebemos. Ainda nos tratam como mercadorias nos comerciais, ignorando nossas
diferenças, e fingindo simplesmente não existir mulheres negras e trans. Ainda
acham que uma “piada”, mesmo cruelmente opressora sobre nosso gênero, é só uma
dose de humor. Nossos corpos e opiniões ainda são perseguidos pelas religiões:
padres, pastores e rabinos que insistem em nos macular e nos expor uma velha
moral que precisa e será derrubada!
Se os membros da FIP-PE tem motivos para gritar
NÃO VAI TER COPA, as mulheres praieras tem motivos dobrados: Esse megaevento
privado, símbolo do imperialismo, insiste em usar nossos corpos, a nos exibir
como objetos de consumo. O Estado brasileiro fazendo questão de manter a fama
de país do futebol e do sexo fácil, propagandeia a prostituição, sendo financiado,
inclusive, por patrocinadores como a Adidas, que claramente expõe em seus
produtos e mídias o Brasil de pernas e portas abertas para o turismo sexual.
No nosso Estado a repressão policial é
triplicada às militantes femininas, onde somos assediadas e agredidas inúmeras
vezes, com o objetivo de nos provocar e humilhar. Também em Pernambuco, o então
secretário de defesa social Wilson Damázio provou as nossas denúncias ao dar
entrevista alegando que as mulheres que foram estupradas por PM sofreram a
violência por terem “se insinuado ao não resistirem em um homem fardado”. Nada,
além de mais e mais atentados às pessoas e principalmente às mulheres, podemos
esperar de um governo que tem como secretário um homem violento e claramente
machista. O governador Eduardo Campos não tomou qualquer atitude, ou fez
qualquer pronunciamento sobre o caso. O afastamento do secretario foi de
iniciativa do próprio para defesa do presidenciável.
Recentemente, o secretário de Patrimônio e
Cultura de Olinda, Lucilo Varejão, declarou aos jornais que durante o carnaval,
nós, mulheres, também somos atrações turísticas. As palavras do secretário,
mais uma vez, feriram de morte cada uma de nós, que diariamente lutamos contra
a mercantilização do nossos corpos, e só nos comprovou, mais uma vez, que a
grande mídia e o Estado são tentáculos da misoginia e do machismo arraigados
nessa sociedade, e que devem ser combatidos de frente! Nosso corpo não é objeto
ou produto a ser vendido!
Compreendemos, dessa forma, que o machismo é um
braço forte e violento do sistema capitalista, e só, e somente só, numa
sociedade emancipada, livre de todas as opressões, que poderemos ter autonomia
sobre nossos corpos e nossas vidas. Sem patrão, nem machão! Somente unidas as
mulheres podem romper com os grilhões da moral burguesa e dar adeus,
definitivamente, ao patriarcado opressor e assassino!
Por esses e todos os outros motivos, estamos
aqui pra gritar: 08 de março não é dia de festa! Não queremos suas flores!
Exigimos respeito!
Somos mulheres e não mercadoria!
08 de março é luta!
Revolucionar é preciso!
Viva à luta feminista!
Viva à luta popular!
08 de março é luta!
Revolucionar é preciso!
Viva à luta feminista!
Viva à luta popular!
*Fonte: http:// blogueirasfeministas.com/ 2013/08/ 7-anos-de-lei-maria-da-penh a-o-que-mudou/
*Fonte:http://www.ipea.gov.br/ portal/images/stories/PDFs/ 130925_sum_estudo_feminicid io_leilagarcia.pdf
*Fonte: http://www.fcc.org.br/ bdmulheres/ serie3.php?area=series
*Fonte:http://www.ipea.gov.br/
*Fonte: http://www.fcc.org.br/
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